quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Brilho intenso

Ontem ela apareceu desinibidamente radiante. Fitava-me de cima para baixo com uma inquietante exuberância, tamanha que me sufocava. E continuou por longo tempo quase imóvel, completamente despida, de tal ângulo que escondia de sua face branca e brilhosa qualquer imperfeição. Parecia desejar veementemente jogar-se sobre mim. E eu, já inebriado de prazer, guardava apenas um sorriso entre lábios e duas lágrimas, uma em cada olhar, que segurava a muito custo.

Não adiantou. Aquela cena me furtava o fôlego e o rosto enrubescido denunciava meu constrangimento. Tentei mudar o rumo da visão, olhava de canto de olho, mas ela continuava lá, destemida, afrontando minha timidez. Eu realmente não sabia mais o que fazer, afinal, me envergonhava por não aparecer tão belo e radiante assim para ela. Sentia-me agredido violentamente, mas de um jeito tão deliciosamente cruel que me dava mais alegria que raiva...não, não tinha raiva, mas também não sabia dizer se estava feliz... por enxergar e não conseguir desfrutar plenamente aquele momento. Tantos pensamentos em mente e tantos por vir que deixava apenas a hora passar e tentava furtivamente desviar o olhar, com certo medo de me perder e não voltar nunca mais a mim mesmo.

E ela? Ora... Continuou lá enquanto pode me torturar, me fitando, ameaçando cair sobre os meus ombros... realmente me pegou pra “Cristo”. Ah...essa lua me maltrata!

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