segunda-feira, 30 de junho de 2008

Corpo

Na mente um silêncio
No falar um ouvir
Na mão um aperto
No braço um abraço
Na boca um beijo
E no peito um amor.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Sonho

A realidade travestiu-se de sonho e eu, que já vivia mais fora que dentro de mim mesmo, alcei vôo de uma vez por todas. Nunca me senti tão livre, verdadeiramente livre. Despi-me do próprio corpo e saí sem hora no rumo das cantigas da infância, como quem busca despretensiosamente qualquer descoberta que a vida possa oferecer. Acordei com o primeiro raio de sol, peguei carona com a brisa da manhã, rolei na areia, pisei na grama molhada, corri pela ribanceira dos rios e, por fim, dei cambalhotas na água, espirrando para todo lado as gotas de minha felicidade. Fiz-me sentir de todas as sensações.

E quando o sol já se despedia, apeguei-me ao primeiro fio da lua e segui na direção das estrelas. Em algumas delas visitei a lembrança dos amigos de outrora e em outras o reflexo dos sorrisos de agora. Guardei na memória o brilho das que não existiam mais e chorei ao descobrir que algumas nunca existiram realmente. No fim da noite, já cansado de tanta vagueação, tomei a primeira nuvem para aninhar meu espírito. E repousei na minha inquietação, até que a saudade de (re)tornar-me novamente ser fez com que eu descesse furtivamente à terra com a neblina noturna e me escondesse na garoa, aguardando silenciosamente o primeiro sopro do dia para novamente brincar de viver e de ser feliz.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Chuvinha

Hoje o dia amanheceu sorrindo
e o céu acordou chorando
um riso de feliz saudade
e choro de felicidade...

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Primeira vez (sempre)

Eles se abraçaram como na primeira vez e sentiram que era realmente. Cada vez a primeira de tantas outras primeiras vezes já divididas, assim como decidiram viver. A pulsação, o desejo, o carinho e o toque ainda ingênuo como se fosse o primeiro e ao mesmo tempo com a intensidade de um encontro derradeiro. E se deitaram para assistir ao primeiro por-do-sol... e se amaram de tal forma que o sol, envergonhado por ter seu brilho ofuscado, saiu à francesa, deixando a lua assumir seu posto. Esta, já acostumada a refletir a luz dos amantes, foi cúmplice dos risos, da troca de olhares e da respiração compartilhada. Enquanto isso, todo o sétimo céu era preenchido por repetidas citações, hora versos hora canção, que além de sentidas eram vividas. Com tal força que não importava o peso de um mundo sobre as costas e com tal intensidade como a emoção de um Rubi. E se despediram e se beijaram, novamente como se fosse a primeira vez... e jamais como a derradeira.

Retorno

Depois de seguir por outros caminhos e de uma andança silenciosa, o que representou um longo tempo sem postagens, o andarilho está de volta à trilha dos bits e bytes.