domingo, 30 de março de 2008

Dia nublado - parte 2

É intrigante ver como as coisas não mudam em sua essência. E não me refiro apenas a pessoas, digo isso da vida em si. É o passado que atormenta, o futuro proeminente que nunca chega e o presente sufocante. O círculo vicioso de uma mente tão exausta que apenas o corpo entorpecido insiste em mais um passo adiante. Uma fardo tão pesado que, às vezes, uma gargalhada ("auto-ironia") chega a escapar da minha boca impelida por uma amargura inebriante, meio que nauseante e opressora.

É... o mundo não muda mesmo, as pessoas não mudam... nem mesmo eu, que um dia acreditei que algo podia ser diferente e, ainda hoje, não consigo largar essa fé cega em algo que realmente valha a pena.

Dia nublado - parte 1

Anos se passaram e eu ainda sigo nessa viagem, apesar da sensação de continuar percorrendo um curso indesejável. Engraçado é observar a gradativa desconstrução da realidade à minha volta e ver como os retalhos de minhas experiências não combinam mais. Será isso o que acontece quando abolimos de nosso caminho todas as mentiras e nos deparamos com infinitas verdades? Tantas verdades que me perco na angústia de não perdê-las, ao mesmo tempo em que tudo se esvai de minhas mãos e sequer tenho força de continuar.

Quanto mais desejo acabar com a ânsia que tem acompanhado minha viagem até aqui, mais sou levado a crer que só existem duas opções: permanecer à janela, vendo a vida passar, ou me atirar fora desse trem e, por cinco breves segundos, curtir a queda... e nada mais depois. Cinco segundos de algo pleno e inteiramente meu em meio aos anos e anos de uma falsa impressão de ter alguém comigo ou algo verdadeiramente próprio.