sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Eixo

Olho em volta e tudo que vejo são becos sem saída,
Portas e mais portas de lugar nenhum
Num qualquer labirinto de palavras recicladas,
Numa ironia sem sorrisos de olhares desvairados,
De uma embriaguez sem desordem na ordem dos fatos
E do desespero de ver que a vida se esvai
Entre as mãos do cansaço de seguir adiante
No delírio do afago de uma lua minguante.

Olho em volta e tudo que vejo é um presente sem futuro,
Um passado sem memória no circo da vida
Esquecido nos frágeis fios da lembrança
De uma criança envelhecida pelo pesar dos pesares,
De um velho embevecido pelos apelos da infância
E pelas cirandas apagadas das raízes da história.
De um tempo em que viver era uma fantasia
E não um sorriso amarelo ao final do dia.

Olho em volta e tudo que vejo são metáforas
De um universo enrustido nas teias da memória,
De uma significância sem significado
No subjetivo esforço de dar ordem aos fatos.

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