terça-feira, 26 de agosto de 2008

Antes de adormecer


Abraçados como se nada mais existisse e aquele momento bastasse. Apenas o sentir da respiração no colar dos rostos. Ensaiaram um beijo, mas quando os olhares se encontraram a pergunta pulou da boca com aquela vontade que se tem de ouvir repetidas vezes o que já se sabe... afinal, nunca é demais:
- amor, você me ama muito?
- amo, muito.
- qual é o tamanho do muito?
E como num simples ato reflexo, livre de qualquer pretensão, a resposta soou rápida, impulsiva e quase infantil de tão cheia de verdade:
- muito é do tamanho do mundo.
Na seqüência, o silêncio de três segundos foi rompido por um abraçar entre risos. A simplicidade do diálogo retornou-os à infância...da voz suave ao falar errado no estilo Cebolinha (mais risos). E assim adormeceram como crianças, alimentando silenciosamente um sonho roubado de versos alheios: “...quando crescer vou casar com você”.

E eu, que bem de perto observava atentamente aquela cena, me emocionei ao compreender que amar é mais simples do que imaginava... e amei também, deixando-me amar. E adormeci... também como uma criança.

2 comentários:

Anônimo disse...

isso é lindo demais, porque viver feliz nem é assim tão difícil, nem é assim tão doído como disseram...
um amor do tamanho do mundo é tudo que uma pessoa grande ou pequena pode querer...

A chuva

bom... disse...

perfeito! simplesmente magnífico, esse relato! foi no mais profundo da alma e ficou lá, a semear sorrisos de canto de boca :-)