domingo, 30 de março de 2008

Dia nublado - parte 1

Anos se passaram e eu ainda sigo nessa viagem, apesar da sensação de continuar percorrendo um curso indesejável. Engraçado é observar a gradativa desconstrução da realidade à minha volta e ver como os retalhos de minhas experiências não combinam mais. Será isso o que acontece quando abolimos de nosso caminho todas as mentiras e nos deparamos com infinitas verdades? Tantas verdades que me perco na angústia de não perdê-las, ao mesmo tempo em que tudo se esvai de minhas mãos e sequer tenho força de continuar.

Quanto mais desejo acabar com a ânsia que tem acompanhado minha viagem até aqui, mais sou levado a crer que só existem duas opções: permanecer à janela, vendo a vida passar, ou me atirar fora desse trem e, por cinco breves segundos, curtir a queda... e nada mais depois. Cinco segundos de algo pleno e inteiramente meu em meio aos anos e anos de uma falsa impressão de ter alguém comigo ou algo verdadeiramente próprio.

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